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domingo, maio 30, 2010

HÁ PASSAGENS DA BÍBLIA...
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Há passagens da Bíblia que sempre dá gosto de ler. Duas que li recentemente e que me chamaram a atenção foram estas:
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1)
Paulo, em pé no meio do Areópago, disse: "Homens de Atenas, em tudo vos vejo muitíssimo religiosos. Percorrendo a cidade e considerando os monumentos do vosso culto, encontrei também um altar com esta inscrição: A um Deus desconhecido. O que adorais sem o conhecer, eu vo-lo anuncio! (At 17, 22-23)
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Essa passagem me fez lembrar o que uma vez uma pessoa estudiosa dos celtas me contou: que os celtas da Irlanda se converteram rapidamente ao cristianismo porque já intuíam muitas coisas dele. Um exemplo: eles já intuíam a Santíssima Trindade. Ou seja, o que eles já adoravam sem conhecer, lhes foi anunciado. Interessante, né?
Essa passagem também me fez lembrar o que um professor meu, de um país da Europa, disse certa vez aos alunos: que quando ele ia visitar o seu país e voltava para o Brasil, ele sentia uma diferença na fé desses povos, e que havia um algo a mais, em questão de fé, no povo brasileiro. Ele (que não era uma pessoa religiosa) disse que, depois de morar anos no Brasil, quando ia para a Europa, sentia falta desse "ar religioso" que encontrava aqui. E olha que ele não era religioso! Acho que isso também diz algo.
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2) A outra passagem de que gostei recentemente foi ver Jesus amaldiçoando uma árvore. Adoro as passagens em que Jesus está bravo. Ele era a Bondade em pessoa, mas nem por isso deixou de "dar um pito" quando foi preciso:
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No outro dia, ao saírem de Betânia, Jesus teve fome. Avistou de longe uma figueira coberta de folhas e foi ver se encontrava nela algum fruto. Aproximou-se da árvore, mas só encontrou folhas, pois não era tempo de figos. E disse à figueira: "Jamais alguém coma fruto de ti!" E os discípulos ouviram essa maldição. (*) (Mc 11, 12-14) (...) No dia seguinte pela manhã, ao passarem junto da figueira, viram que ela secara até a raiz. Pedro lembrou-se do que se tinha passado na véspera e disse a Jesus: "Olha, Mestre, como secou a figueira que amaldiçoaste!" Respondeu-lhes Jesus: "Tende fé em Deus. Em verdade vos declaro: todo o que disser a este monte: Levanta-te e lança-te ao mar, se não duvidar no seu coração, mas acreditar que sucederá tudo o que disser, obterá esse milagre. Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado. (Mc 11, 20-24)
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(*) Minha Bíblia explica esse trecho da seguinte forma: O Senhor parece ter feito aqui uma ação simbólica: a figueira estéril era a imagem do povo de Israel, rebelde à doutrina do Evangelho.
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E comento uma coisa sobre o trecho transcrito: o que deixei em negrito é uma das maiores mensagens auto-ajudas que já li. Ou melhor: uma altíssima ajuda.
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sábado, maio 29, 2010

QUANDO VOU ESTAR NO LUGAR E HORA CERTOS (*) PARA PRESENCIAR ALGO ASSIM?
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Penso isso com os meus botões por ter visto o vídeo em que 30 membros da Companhia de Ópera da Filadélfia cantam La Traviata em um mercado público. Dêem uma olhada:
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(*) ou seria o lugar errado na hora errada? Imagino: eu não devia estar no Mercado naquele dia; só passe por ali porque me deu fome no meio do caminho e...
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sexta-feira, maio 28, 2010

VÁRIAS DIMENSÕES
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Futuro médico: - Já estudei uns cem músculos. Falta estudar uns quarenta.
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Futura curandeira(*): - Ai, prefiro os corpos sutis...
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(*) O mais correto é eu utilizar a palavra "curadora", conforme a utilização da ex-física da Nasa e atual 'curadora' Barbara Ann Brennan. "Curandeira" já virou (e é, muitas vezes) sinônimo de "charlatã". Curadora é coisa séria. Pra vcs terem uma idéia, há curadores trabalhando com médicos, em salas de hospital, nas consultas médicas, nas cirurgias etc. Mas um dia volto a falar sobre isso com mais calma e de forma mais detalhada.
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quinta-feira, maio 27, 2010

PRECES
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Meu avô gosta destes versos do Murilo Mendes;
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Senhor, minha prece se faz
em termor exatos:
- que o maus sejam bons
e os bons não sejam chatos.
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Eu gosto desta prece para a Santa Terezinha:
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Querida Santinha de Lisieux, fazei que sejamos sempre simples e saibamos valorizar a missão que o Senhor nos dá dentro da realidade em que nos encontramos.
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sábado, maio 22, 2010

PALAVRAS-CHAVES:
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alegria - crianças - música
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sexta-feira, maio 21, 2010

BOAS DISCUSSÕES EM EMMA:
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Para defender a amiga Harriet, criticada por Mr. Knightley por não ter cultura, Emma afirma:
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(...)pois ela é, de fato, uma jovem bonita, e noventa e nove por cento das pessoas assim a julgarão; e até que os homens venham a ser mais filosóficos em questão de beleza do que geralmente se supõe, e até que passem a se apaixonar por mulheres intelectualizadas em vez de mulheres bonitas, uma jovem, com os encantos de Harriet, que tem a certeza de ser admirada e reqüestada, (...), tem o mérito de ser bonita.
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Do que o Mr. Knightley discorda e dá sua opinião:
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- (...) Os homens de bom-senso, seja lá o que pense a respeito, não procuram esposas imbecis.
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quinta-feira, maio 20, 2010

QUEM NÃO GOSTA DE UMA CARTA BEM ESCRITA?
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E em todos os livros da Jane Austen há cartas bem escritas.
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A carta é boa ou é curta demais?
- De fato, é uma carta muito boa - replicou Emma, um tanto lentamente -, tão boa, Harriet, que, tudo considerado, sou levada a crer que uma das irmãs dele a ajudou. Dificilmente pdoeria imaginar que o jovem com quem a vi conversando noutro dia pudesse exprimir-se tão bem, fazendo-o por conta própria; mas, por outro lado, não é estilo de mulher; não, com certeza, é forte e conciso para ser de mulher. Não há dúvida de que ele seja um homem sensível e suponho tenha um talento natural - pensa com firmeza e claramente - e quando toma a pena à mão, seus pensamentos encontram as palavras adequadas com naturalidade. Isso acontece com alguns homens. Compreendo bem essa espécie de caráter. Vigoroso, decidido, com sentimentos até certo ponto refinados. Uma carta, Harriet (devolvendo-a), muito mais bem escrita do que eu poderia acaso esperar.

(EMMA, capítulo 5)
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quarta-feira, maio 19, 2010

NÃO COMBINA: GENTE BREGA (*) COM DINHEIRO.
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Você dá dinheiro pra quem não tem um mínimo de educação, cultura, senso de delicadeza, beleza, elegância, discrição e o que acontece? É samba na certa!
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Jane Austen devia se achar muito crítica para sua época, mas eu queria ver ela na nossa época. Viver em uma época em que o pessoal baixo-nível lia livros e não falava palavrão é fácil. Mas venha para a nossa época, Miss Austen, venha ironizar os nossos tempos.
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Woody Allen é quem bem mostrou como é essa gente (pouca compostura, muito dinheiro), no filme TRAPACEIROS ("Small Time Crooks"). Vejam um trechinho:
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terça-feira, maio 18, 2010

Sra. Weston conversando com o Sr. Knightley:
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Posso imaginar sua objeção a Harriet Smith. Ela não é a jovem superior que uma amiga de Emma deve ser. Por outro lado, como Emma quer vê-la mais bem instruída, isto será um incentivo para que venha a ler mais. As duas vão ler juntas. Emma assim o quer, eu sei. (EMMA, de Jane Austen)
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domingo, maio 16, 2010

VÁRIOS EM UM
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1)
A melhor amiga da minha mãe, gente finíssima, disse que quando foi andar de carro, pela primeira vez, com o filho que estava aprendendo a dirigir, se prometeu não ficar nervosa, não dar palpite, nem dar bronca pelos erros que ele cometesse.
E, nesse dia, o inevitável aconteceu: quando abriu o sinal, o carro morreu, e o filho, nervoso, não conseguia ligá-lo de jeito nenhum. A fila, atrás deles, estava enorme. Os carros começaram a buzinar. O filho foi ficando cada vez mais nervoso com a situação. A mãe, lembrando-se da promessa, começou a suar frio, mas não falou nada. Mas o filho não conseguia ligar o carro. Até que ela não se agüentou: juntou as mãos, olhou para o céu e clamou;
- Meu Deus, ajude o meu filho a sair daqui.
Parece que funcionou. E a conclusão da amiga da minha mãe foi:
- Andar de carro com o meu filho aumentou a minha fé.
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2)
Mais uma de filho. Minha fada-madrinha contou que o filho dela, que tem menos de 10 anos, chegou da escola, na sexta-feira, e disse pros pais:
- Este fim de semana só quero relaxar.
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3)
Um amigo dos meus irmãos contou qual foi o trauma da sua Primeira Comunhão, ou melhor, da sua primeira confissão. A professora de catequese havia dito aos alunos que, na hora da confissão, eles deveriam ser bem sinceros, contar tudo o que haviam feito de errado; só assim seriam perdoados.
Esse amigo disse que fez um exame de consciência profundo e foi se confessar. Contou tudo, desde os primeiros pecados de que se lembrava até as pequenas faltas e omissões. Então o padre o mandou rezar váaarios Pai-Nossos e váaaarias Ave-Marias. Ele foi. O problema, disse ele, é que, enquanto eu rezava, meus colegas vinham, rezavam umas duas Ave-Marias e iam embora. E eles tinham os mesmos pecados que eu! Bando de mentirosos!
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4)
A quiróloga (e não quiromante) (*) fez uma rápida análise da minha mão. Disse, de cara, que eu não nasci pra trabalhar em casa (com trabalhos domésticos). Será que é porque eu lavo a louça com luvas, passo hidratante nas mãos e estava com a unha impecavelmente feita?
(Ela disse outras cositas más, mas que agora não vêm ao caso.)
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(*) quiromancia é a das ciganas, de adivinhação; quirologia é o estudo do formato da mão, traços dela etc
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5)
Mas sabe quais são os problemas dessas análises? (E isso serve também para adivinhações sobre destino.)

Primeiro, uma análise sobre a íris, sobre o formato do rosto, o formato das mãos, a caligrafia etc pode encontrar certas características da personalidade da pessoa, mas não leva em conta um mundo de segredos e mistérios que é a nossa alma.
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Segundo, ainda que haja uma adivinhação sobre o nosso futuro e apareça algo de ruim (isso serve para quem gosta de buscar essas previsões e fica apavorado com o que ouve), há algo que as pessoas esquecem: a oração é capaz de mudar todo um destino negativo. E além da oração, o amor e o perdão transformam as pessoas, a ponto de destruir "maldições" de famílias e comportamentos ruins que se repetem por várias gerações. E isso não tem nada a ver com misticismo ou esoterismo. Pretendo, um dia, falar - e explicar melhor - sobre isso. Por enquanto, vão pensando no assunto.
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6)
Uma amiga me mandou um email defendendo o Twitter. Disse que o twitter é pras pessoas enviarem recados, que uma empresa pode deixar os seus clientes atualizados etc. Hum...mas precisva do twitter para isso? Já não dava pra fazer tudo isso por sites, blogs, emails e celular? Acho que é mais uma coisa pra nos prender na internet, enquanto poderíamos estar lendo um livro.
Ela também disse que quem escreve besteira são os artistas e os que imitam os artistas.
Ok, mas se os artistas têm twitter e falam besteira, o problema é deles que já são bestas-quadradas por natureza. Por que fazer o que essa racinha de gente faz?
Pra certas coisas, minha gente, meu conselho é: tolerância zero!
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7)
Tá, e como l'important c'est la rose, ontem passei o dia estudando flores. Elas também mudam destinos, crois moi.
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sábado, maio 15, 2010

ESTÃO VENDO?
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A notícia estava na internet: Hugo Chavez tem Twitter. Não preciso dizer mais nada.
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MUDANDO DE ASSUNTO
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Essa semana ouvi umas seis vezes esta música, em lugares diferentes. Adorei.
O que vocês acham?
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quinta-feira, maio 13, 2010

AI, ESSE TWITTER...
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No orkut, sou da comunidade "não tenho orkut". O que é uma contradição, claro. Na verdade, como não tenho orkut, obviamente não estou em nenhuma comunidade.
Agora é essa onda do twitter. Uma colega estava me mostrando o twitter dela e de outros amigos (seguidores, ou algo do tipo) e, sinceramente, não vi graça na coisa. Já sou egocêntrica o suficiente pra ter um blog, agora imaginem se eu tivesse um twitter só pra dizer : "almocinho com a mamis", "gostei da decisão do dunga", "comprei uma meia-calça cor de açaí". Detalhe pra quem não conhece o twitter : essas frases seriam o post. Só isso. Por favor, né?
Mais uma novidade que não me atraiu. Prefiro continuar com essa coisa velha chamada blog, podendo ser prolixa (muito mais que 140 caracteres!) e conversar em paz com os meus botões.
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CONTINUANDO SOBRE O TWITTER. E A EMMA:
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Hoje tirei o dia para pegar pesado com o pessoal do twitter. Fazer o quê? Eles é que pediram(*).
Agora que sei bem como é que funciona esse twitter, fui contar para um amigo como é que é. Ele também achou uma besteira e fez uns comentários que até dariam para ser postados no twitter (mas falando de forma contraditória, claro, do mesmo jeito que digo que sou da comunidade 'não tenho orkut'):
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- Twitter: para pessoas de poucas palavras e muita mediocridade.
- Pára de twittar e vai ler um livro.
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(*) Isso me lembra o Dunga, que disse que não seria ele quem convocaria para a seleção: cada jogador é que se convocaria, dependendo do seu desempenho. Pois foi o mesmo caso que com o pessoal do twitter: eles é que se esforçaram pra eu fazer esses comentários aqui.
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Por causa disso, reconheço, novamente, que fiz má impressão da Emma na primeira vez em que a li. Emma fútil? No way! Fútil somos nós que nos achamos grandes coisas por ficar postando frasesinhas do tipo: "compras com a Marcinha"; "chopinho no mercado"; "muito sono". Valha-me, Deus! Emma é um exemplo de classe, de finura e de refinada exigência. Como disse no post anterior, quem, dos nossos tempos (meios), valoriza mais alguém que lê que alguém que só quer prosperar nos negócios?
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Aliás, se eu fosse a Emma e tivesse um twitter (algo pouco provável, mas só hipótese...), postaria esta frase que só meus 'seguidores' de twitter entenderiam se tratar de referência ao Sr. Martin:
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Ele não passará de um fazendeiro totalmente vulgar e grosseiro, sem a menor preocupação com a boa aparência e só pensando em lucros e perdas.
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p.s.: a propósito, minha gente, se vocês contarem, verão que essa frase tem 140 caracteres!
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p.s.1: nem eu acredito, mas, sim: eu contei pra ver se dariam 140 caracteres. (acho que espaço conta como caractere, né?)
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p.s.2: não precisa responder.
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quarta-feira, maio 12, 2010

DEAR EMMA
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Começamos o primeiro ciclo do CHÁ COM JANE AUSTEN, no ano retrasado, com o livro EMMA, e eu confesso a vocês: achei a protagonista muito fútil. Agora, no entanto, estou a-do-ran-do essa personagem. Não sei até que ponto O MORRO DOS VENTOS UIVANTES me fez ver a Emma com outros olhos (depois de Cathy e Heathcliff, muuuuitas pessoas se tornam adoráveis) (*), mas a verdade é que me divirto com tudo o que a Emma diz e faz (em outras palavras:o livro todo é um deleite).
No capítulo 4, por exemplo, temos esta reflexão de Emma para tentar convencer a amiga a não se interessar pelo Sr. Martin. Acompanhem:
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- A finura do sr. Knightley é tão admiravelmente extraordinária que não seria justo comparar o sr. Martin a ele. (...) À medida que a pessoa vai ficando velha, Harriet, o mais importante é preservar suas boas maneiras; é na velhice que a grosseria, a gritaria, a inconveniência se tornam mais evidentes e desagradáveis. O que é passával na juventude é detestável na idade madura. O sr. Martin agora é canhestro e abrupto; imagine o que será quando tiver a idade do sr... (...) Você pode ver o quanto seus negócios o embrutecem pela simples circunstância de haver se esquecido de procurar o livro que você lhe recomendou. Ele estava certamente tão envolvido com o mercado que não podia pensar em outra coisa (...).
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Agora, digam para os meus botões: quantas pessoas, hoje em dia, fariam a mesma reflexão de Emma e valorizariam mais alguém que tenha procurado um livro do que alguém que esteja absorvido pelos negócios?
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Emma é uma personagem adorável!
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(*) Antes a fútil-de-bom-coração (que, por ter bom coração, sempre terá certos esclarecimentos) que os egoístas, doentios, perversos e mimados. A propósito, vocês viram o filme UM SONHO POSSÍVEL, com a Sandra Bullock? Pois então: ali temos uma 'perua' que fez algo que muita "gente séria" jamais chegou perto de fazer.
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sexta-feira, maio 07, 2010

COMO O CAPITÃO WINTER:
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Esses dias me lembrei do Capitão Winter após o primeiro dia de participação na guerra. Me lembrei da reflexão que ele fez. E não pensei nisso por achar que algum dia da minha vida tenha se assemelhado a algum dia de guerra; bem longe disso. Seria extremamente exagerada se fizesse isso; só me lembrei: uma hora em que estava olhando para o horizonte, pensando na vida (em uma vida de frente para o mar...), e foi como se eu o ouvisse refletir:
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Naquela noite, agradeci a Deus por me conduzir por aquele dia e orei para que eu sobrevivesse ao dia seguinte. E se, de algum modo, eu voltasse para casa, prometi a Deus e a mim mesmo que encontraria um calmo pedaço de terra em algum lugar e viveria o resto da vida em paz.
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Já que amanhã é o dia dos pedidos, tenho este: viver em paz, contribuindo para isso. Mesmo que haja tribulações externas, mesmo que haja preocupações e ansiedades, que nada disso perturbe aquela Paz maior. E, o mais importante: que eu não perturbe a paz de ninguém! Se me canso só de ver gente discutindo (*) e se exasperando, não preciso passar pelo que o Capitão Winter passou - a guerra, ápice da loucura e do desespero - para querer um calmo pedaço de terra e viver o resto da vida em paz.
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(*) Discutindo por qualquer besteira, mas tem gente que está sempre discutindo, então é óbvio que acaba discutindo por qualquer besteira, sem perceber. Gente que já ent
rou em uma certa freqüência, que nem percebe mais outras freqüências (bem mais tranqüilas).
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COMO NÃO DEVO ENTRAR NA INTERNET AMANHÃ, DEIXO O RECADO DE TODOS OS ANOS, NESTA ÉPOCA:

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-Daniel, feliz aniversário! ^j^
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quinta-feira, maio 06, 2010

EMMA, EMMA, EMMA...CADA UM COM O SEU LIVRINHO DA JANE AUSTEN!
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Ai, delícia que é ler Jane Austen, minha gente. Ainda mais depois de ler o angustiante O MORRO DOS VENTOS UIVANTES.
Lendo EMMA, converso mais tranqüilamente com os meus botões. Por exemplo: sabe aquelas senhoras fofoqueiras-de-plantão que falam pra filha não se casar com um homem mais pobre que ela? Aí vem a digníssima Jane Austen e fala sobre uma mulher que era rica, mas se casou com um homem menos rico que sua família:
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A então sra. Weston deve ter encontrado seu motivo de júbilo, pois tinha um marido cujo cálido coração e lhaneza de caráter faziam-no pensar em tudo o que devia dar-lhe de retorno pela grande satisfação de senti-la apaixonada por ele; mas, embora ela tivesse qualidades de caráter, faltava-lhe no entanto a melhor. Tinha determinação suficiente para exercer sua própria vontade a despeito do irmão, mas não o bastante para conter tolos arrependimentos diante da absurda cólera deste, nem para deixar de lamentar os luxos do lar que havia perdido. O casal vivia acima de suas posses, mas mesmo assim não era nada que se pudesse comparar a Enscombe: não deixara de amar o esposo, mas o mal é que queria ser ao mesmo tempo a senhora do capitão Weston e a Miss Churchill de Enscombe. (EMMA, cáp. 2, de Jane Austen)
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Tudo que presencio no dia-a-dia, tudo de que preciso saber, encontro na Jane Austen. Essa amiga-conselheira que toda mulher deveria ter.
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quarta-feira, maio 05, 2010

PARTE FINAL DO COMENTÁRIO FEITO POR RAQUEL DE QUEIROZ AO LIVRO O MORRO DOS VENTOS UIVANTES:
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(...)
Em 1839 voltou para casa, onde permaneceu até 1842. Nesse ano foram Emily e Charlotte como internas para o 'Pensionnat de Demoiselles", de Monsieur Heger, em Bruxelas. Queriam as irmãs adquirir preparo para fundarem uma escola delas próprias, velho sonho de ambas. Em novembro, porém, com a morte da tia Branwell, retornaram as duas para Haworth. E Emily jamais tornaria a sair de casa.

Em 1846 as três irmãs Brontë, usando o pseudônimo de Currer, Ellis e Acton Bell editaram à sua própria custa um volume de poemas. POucos críticos o comentaram e apenas dois exemplares foram vendidos.

Em 1847 publicou Emily o WUTHERING HEIGHTS. Tal como os poemas, o volume interessou a poucos; e a esses poucos, mais revoltou, escandalizou, do que atraiu. Dante Gabriel Rosetti dele disse: "The action is laid in hell, only seems places and people have English names there" ("A ação se passa no inferno, só que as pessoas e os lugares têm nomes ingleses"). E houve quem afirmasse que era o livro um mau trabalho de mocidade de Charlotte...

Em setembro de 1846 morreu o irmão Branwell, consumido de vícios - até ópio se diz que tomava. Emily apanhou um resfriado no enterro do irmão. Desse resfriado, que se virou em tuberculose, morreu menos de três meses depois, a 19 de dezembro de 1848.

Talvez essa magreza de minúcias sobre mulher tão grande desconcerte os curiosos; mas de certo modo como que preserva Emily de transmissões profanas na sua orgulhosa solidão e no seu não menos orgulhoso silêncio acerca de si própria. Tudo o que ela quis dizer da sua vida, da sua alma, dos seus sonhos singulares, di-lo no romance e nos poemas. No romance principalmente. Parece que nele pôs quase tudo que trazia guardado no peito e morreu do livro como se morresse do parto.

Ilha do Governador, março de 1947
RAQUEL DE QUEIROZ


terça-feira, maio 04, 2010

AINDA O MORRO DOS VENTOS UIVANTES (mas graças a Deus já estou em EMMA!)
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Estou devendo a transcrição do comentário sobre o livro de Brontë, por Raquel de Queiroz. Aí vai (o início está nos posts dos dias 17 e 20 de abril):
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O principal que Emily deu de si não foi a anedota, nem as figuras, nem o ambiente do seu livro - foi o livro no seu todo, foi ela própria, sua alma estranha de vivente de um outro mundo transferida, por obra do milagre artístico, para aquela terrível história de amor.

Os autores de biografias romanceadas têm aproveitado com explicável ardor e por todos os meios possíveis a história fatal da família Bronte, tão cheia de mortes prematuras, de mistérios,d e lances dramáticos. Uns fazem um idílio rural da vida do pastor letrado e dos seus cinco filhos, no vilarejo do Yorkshire. E outros sobre essa vida projetam luzes lôbregas de vícios ocultos e paixões vergonhosas. Até o cinema (que entretanto nos dera uma versão inesquecível do romance de Emily) atreveu-se a armar um dramalhão de pior estilo hollywoodiano usando como arcabouço a história dos Brontë - tragédia de amores açucarados, onde a grandeza moral sobrenada como gordura, entre beijos e renúncias.

A verdade é que só se conhecem bem os fatos essenciais da vida de Emily Brontë, e o mais que se diz é fruto de interpretação e conjetura. Nasceu Emily em Thornton, a 30 de julho de 1818, mas logo aos dois anos de idade foi levada para Haworth, no Yorkshire, que ficou sendo sua terra, seu lar, e que serviu de cenário para o seu único romance. Em 1821, aos três anos, portanto, perdeu a mãe. E a tia materna, Elizabeth Branwell, foi quem assumiu em casa o lugar da falecida Sra. Brontë.

Aos seis anos e meio de idade, mandaram-na, em companhia das irmãs Maria, Anne e Charlotte, para o internato de Cowan's Bridge, o qual, segundo se diz, serviu de modelo para o orfanato de Lowood do JANE EYRE de Charlotte. Vale a pena reproduzir o que consta a respeito de Emily no livro de assentos do colégio:

"Emily Jane Brontë: Matriculada a 25 de novembro de 1824 com 5 e 3/4 anos de idade. (Há erro nisso: Emily, como é fácil de verificar pela sua data de nascimento, tinha então seis anos e meio.) Saída a 1º de junho de 1825. Carreira subseqënte: governanta."

Foi só o que soube a respeito a respeito do glorioso futuro de Emily Bronte a direção do colégio onde esteve: que mais tarde foi governanta, entidade intermediária entre a professora e a ama-seca....

Passando ao todo apenas seis meses na escola, voltou Emily para casa após o falecimento de sua irmã Maria, vítima talvez do péssimo tratamento que recebiam as alunas no internato. Os quatro anos seguintes viveu-os Emily em Haworth, levando, no morro e na charneca, uma existência que teria muitos pontos de contato com a selvagem meninice da primeira Cathy. Mas lia também, escutava histórias de Tabby, a ama, e já escrevia peças e poemas, sozinha ou em colaboração com as irmãs.

Saiu de casa pela segunda vez em 1835, acompanhando Charlotte ao colégio de Roe Head: Charlotte ia como professora, Emily ainda como aluna. Mas só por três meses tolerou Emily a ausência de Haworth. Voltou, porém em 1836 teve novamente que partir: chegara a sua vez de trabalhar. Foi servir como professora na escola da Srta. Patchett, em Law Hill, próximo a Halifax. Não temos referências muito seguras com relação ao tempo que passou em Law Hill, mas parece que lá permaneceu durante dois anos e meio, "trabalhando como uma escrava", segundo dizia Charlotte.
(...)
AINDA CONTINUA....
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E lá no grupo CHÁ COM JANE AUSTEN, enviaram o clip de uma música, cujo título é WUTHERING HEIGHTS! Já tinha ouvido esta música antes, mas nunca me tocara de que tinha o nome do livro. A cantora/performer está (é?) doidinha no clip: acho que captou bem o espírito do romance. Assim como a letra. Confiram:
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Wuthering Heights (Kate Bush)

Out on the winding windy moors
We'd roll and fall in green
You had a temper, like my jealousy
Too hot, too greedy
How could you leave me
When I needed to possess you?
I hated you, I loved you too

Bad dreams in the night
You told me I was going to lose the fight
Leave behind my wuthering, wuthering
Wuthering Heights

Heathcliff, it's me, I'm Cathy, I've come home
I'm so cold, let me in your window
Heathcliff, it's me, I'm Cathy, I've come home
I'm so cold, let me in your window

Oh it gets dark, it gets lonely
On the other side from you
I pine a lot, I find the lot
Falls through without you
I'm coming back love, cruel Heathcliff
My one dream, my only master

Too long I roam in the night
I'm coming back to his side to put it right
I'm coming home to wuthering, wuthering
Wuthering Heights

Heathcliff, it's me, I'm Cathy, I've come home
I'm so cold, let me in your window
Heathcliff, it's me, I'm Cathy, I've come home
I'm so cold, let me in your window

Oh let me have it, let me grab your soul away
Oh let me have it, let me grab your soul away
You know it's me, Cathy

Heathcliff, it's me, Cathy come home
I'm so cold, let me in your window
Heathcliff, it's me, Cathy come home
I'm so cold, let me in your window
Heathcliff, it's me, Cathy come home
I'm so cold

TRADUÇÃO:

Lá fora nas tempestuosas colinas
Nós giravamos e caíamos no gramado
Seu temperamento era como meu ciúmes
Ardente e ávido demais
Como pôde me abandonar
Quando eu mais precisei te possuir?
Eu te odiei, eu te amei também

Sonhos ruins à noite
Você me dizia que eu perderia a luta
Deixaria para trás minhas tempestuosas tempestuosas
Tempestuosas Colinas

Heathcliff, sou eu, Cathy, eu voltei para casa
Sinto tanto frio, deixe-me entrar por sua janela
Heathcliff, sou eu, Cathy, eu voltei para casa
Sinto tanto frio, deixe-me entrar por sua janela

Oh, aqui é escuro e solitário
Deste outro lado, longe de você.
Eu sinto tanta saudade, eu percebo que o destino
Fracassa sem você
Estou voltando amor, cruel Heathcliff
Meu sonho, meu único mestre

Há muito tempo eu vagueio pela noite
Estou voltando para o seu lado, para consertar isto
Estou voltando para casa, para minhas tempestuosas, tempestuosas
Tempestuosas Colinas

Heathcliff, sou eu, Cathy, eu voltei para casa
Sinto tanto frio, deixe-me entrar por sua janela
Heathcliff, sou eu, Cathy, eu voltei para casa
Sinto tanto frio, deixe-me entrar por sua janela

Oh, me deixe possuí-lo, deixe-me levar sua alma
Oh, me deixe possuí-lo, deixe-me levar sua alma
Você sabe que sou eu, Cathy

Heathcliff, sou eu, Cathy, venha para casa
Sinto tanto frio, deixe-me entrar por sua janela
Heathcliff, sou eu, Cathy, venha para casa
Sinto tanto frio, deixe-me entrar por sua janela
Heathcliff, sou eu, Cathy, venha para casa
Sinto tanto fri0.
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domingo, maio 02, 2010

COMENTÁRIO FINAL SOBRE O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, para o grupo CHÁ COM JANE AUSTEN
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Marcia, acabei de ler o que vc mandou por email e, depois, vou ler o que está no seu blog. Concordo com o que vc comentou sobre a narração feita pela Nelly. Tb pensei nisso várias vezes. Tudo o que sabemos da história de O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, foi-nos contado por uma das personagens.Isso é muito interessante pq tb é ela quem nos convence do caráter dos personagens e nos transmite as sensações que ela mesma sentiu. E nem consigo pensar que ela estivesse mentindo ou exagerando. Confiei totalmente na narrativa dela. Até Lockwood chegou a simpatizar com a jovem Cathy por causa dela; somente no final, quando ele reviu Cathy, e viu os modos frios e egoístas da jovem, é que ele se perguntou se Nelly não teria sido muito parcial para com ela. Mas os fatos em seguida (Cathy com Hareton) parecem ter confirmado a descrição de Nelly.


E agora me atenho a algumas reflexões que fiz sobre o livro:

- acho que nenhum outro livro me fez sentir tanta raiva durante a leitura como este livro. Sério: Emily Bronte concentrou os personagens mais loucos, mais perturbados, mais grosseiros, mais fracos, mais doentios que um escritor poderia reunir em uma mesma história. Tenho lido meus livros, a maior parte do tempo, no ônibus, então às vezes me custou ler direto O MORRO DOS VENTOS UIVANTES. Tinha que parar um pouco a leitura, respirar fundo, olhar para a paisagem, digerir a raiva que sentia por aqueles loucos e, daí sim, voltar à leitura.

- sobre a loucura e a doença espiritual dos personagens: eu estudo sobre florais (florais de Bach, florais de Saint Germain...é medicina alternativa, pra quem não conehce) e uma atividade interessante a se fazer quando se estuda florais, pra aprender a diagnosticar e receitar o melhor floral a uma pessoa, é, em livros literários, tentar "receitar" um floral para cada personagem. Em alguns livros isso é fácil de fazer. Mas em O MORRO DOS VENTOS UIVANTES foi dificílimo! Isso porque tentei me colcoar no papel de terapeuta dos personagens do livro, mas como terapeuta falhei: senti raiva deles, vontade de os abandonar, não sentindo a mínima compaixão. Pensei sobre eles: só um milagre pra salvar essa gente. Só simpatizei com Nelly e Lockwood e, depois, um pouquinho com a jovem Cathy. No mais, credo! Que gente era aquela?! Eu que fui apenas leitora e já quase enlouqueci com eles, imaginem os que conviviam ali, diariamente, com aquela gente? Eles deixam qualquer um cético com relação ao ser humano!

- uma comparação com os livros de Jane Austen: em alguns romances da nossa querida escritora, achamos que as protagonistas deveriam ser um pouco menos passivas (exemplo: protagonistas de A ABADIA DE NORTHANGER e MANSFIELD PARK) e que deveriam, de vez em quando, dizer um: "escuta aqui, minha filha", para quem merecesse. Engraçado que no livro O MORRO DOS VENTOS UIVANTES já vemos o contrário: todos sabem muito bem dar respostas grosseiras. Até Nelly, a certa hora, diz o que gostaríamos de ter dito ao 'fresquinho' (estão vendo a falta de caridade que tive por esses personagens?) do jovem Linton (cáp. XXVIII): "-Não consente o que, seu cretino?!". Mas daí fiquei pensando: na Jane Austen ninguém fala desse jeito, aqui em O MORRO DOS VELHOS UIVANTES, todos falam assim, ninguém leva desaforo, mas do que adianta? Acho que os personagens de EMily Bronte deveriam ter umas aulinhas de 'finesse' com os personagens da Jane Austen. Mas, novamente o meu ceticismo com relação aos personagens da Bronte, é Lockwood quem traduz o que penso de um 'encontro' desses: "Vivendo entre rústicos e misantropos, provavelmente não era mais capaz de apreciar uma companhia melhor, quando a encontrava" (cáp.XXXI). Ou seja, tenho minhas dúvidas se os personagens de Bronte se sensibilizariam pelo contato com os personagens de Austen.

- O maior consolo, ao terminar o livro O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, foi lembrar que nossa próxima leitura será do leve e ligeiramente fútil EMMA. Que alívio, minha gente!

Bjos e uma ótima semana a todos!
Rebeca
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